terça-feira, 30 de abril de 2019

Hifopem - Contreras Cap1

"Debemos preocuparnos por trazer experiencias, en vez de doctrinas". (Hanna Arendt)
"La verdadera experiencia es así  experiência de la propria historicidade". (Gadamer))

PARTE1: pg 1 até 45

"La experiencia y la investigacion educativa", capitulo 1 escrito por José Contreras Domingo e Nuria Pérez de Lara Ferré, é discutido mais um pouco, na verdade é embasado, os principais conceitos da experiencia  da pratica. Contreras trabalha na mesma linha de experiência de LArrossa, porém esse ultimo por ser filósofo e não educador aborda o tema da experiência de forma mais genérica.

Na perspectiva histórico-cultural de Vygotsky, experiência e vivência são termos equivalentes da mesma coisa. Já na abordagem do Contreras, a vivência é diferente de experiência. Todos passam pela vivência de um evento, mas isso só terno uma experiência se causar transformação. Experimento também é diferente de experiência (pelo menos no portugues!)!

Vale sempre lembrar que a experiência começa quando se está atento na escuta.

Uma experiência, só pode ser considerada assim, se ela não te deixa indiferente: te incomoda, te afeta, te marca e deixa traços em você! (p. 24) Caso contrario é apenas conhecimento adquirido (vivência) e não experiência vivida! A experiência por definição deve envover sentimento (p.23)

A experiência tem haver com o inesperado .. .se apresenta de improviso, interrompendo o que era sabido e previsisvel! E é essa imprevisibilidade que te leva a pensar, verdadeiramente refletir sobre o vivido!

Segundo Contreras, a experiência educativa sempre é um processo negativo, uma vez que supoem confrontar o conhecimento previo ou o conhecimento que não existia. Tira a pessoa da "zona de conforto" (p.24). A grande pergunta é: como manter esse sentimento de se abrir pelo novo na repetitividade e correria do cotidiano educativo?

A experiência está diretamente como cada um enxerga as situações vividas ... experiência e subjetividade são inseparáveis: cada um experimenta de um jeito! Para isso, precisamos sempre enxergar o outro como ele é e não como gostaríamos que ele fosse. E para experimentar esse "algo", é necessário se colcoar como receptor de novos conceito, uma verdadeira passividade, ao mesmo tempo que não é uma morosidade, mas uma passividade ativa, uma vez que só quem se coloca no caminho é que está apto a caminhar.

Se por um lado Contreras discute a experiência da prática, também aborda como é possivel passar da prática à experiência. Na discussão do nosso grupo de pesquisa, entendemos que só é possivel levar experiência à alguem se nós ja experimentamos antes, além de o que se quer favorecer, deve-se praticar também.

Gostei do termo "circulo virtuoso" p.33 entre prática e experiência. Bem melhor que "circulo vicioso" :D

PAra terminar essa primeira parte do capitulo, o autor coloca dois conceitos ainda: o da multidisciplinaridade da educação (ontologia -  psicologia, sociologia, antropologia, sociolinguistica) e o do sentido (qualquer execução mecanica, pode ser considerada sem sentido!)

PARTE2: 45 até 85

Nessa segunda parte o autor continua o seu discurso comentando sobre a subjetivade do mundo da educação, comentando que existem muito mais perguntas que respostas. Na educação não é possivel caminhar se não separarmos o "micro" que está relacionado com as experiências quanto com o "macro" que está vinculado com as estruturas, instituições e ideologias e normalmente é a parte mais focada nas pesquisas academicas.

Um termo interessante que Contreras utiliza é sobre o "encarnar" a experiência, afirmando que a pedagogia só existe se for encarnada. Nesse momento ocorre a aprendizagem .. .quando mudamos nossa forma de ver!!!!

Contreras também gasta palavras identificando as diferenças entre "saber" e "conhecer". Fiz duas analogias para isso:
1) conhecer é uma lagoa, enquanto o saber é um rio quemolda por onde passa, mas também é moldado e influenciado pelas circunstancias ao redor
2) quando se  admira um prato gastronomico que alguem cozinha e pede-se a receita, obtem-se o conhecimento. Mas para que fique identico, é necessário o saber ....

Novamente ele retoma as implicações da experiências vinculadas com o EU e com o OUTRO e a necessidade da escuta. Salientando o obvio ... ainda que tenhamos controle sobre o que falamos, não temos o controle do que o outro escuta e muito menos do que ele fará com aquilo (Hifopem, 2019). O conhecimento científico se transmite ... o saber escapa da captura!

Outro ponto interessante que o autor critica enfaticamente é o que ele chama de "economia do conhecimento" - Ozga 2008 e da mercantilização de produções academicas que ou nem chegam para quem interessa ou se chegam nãoa tingem a prática das escolas, além da "mafia das publicações" (p.62) que também faz questão de expor diferenças entra homens (razão + conhecimento) e mulheres (experiência + emoção) e também diferentes niveis academicos.

O texto tem muito mais do que o que foi colocado aqui, mas termino com um trecho que gostei muito: "Não há um método no caminho da experiência (o caminho se faz ao caminhar!) , ela deve ser o encontro do passado com o futuro, do possível com o impossível, da realidade com o desejo e do padecer com o aproveitar." (p.54)



domingo, 28 de abril de 2019

29/04 - Abordagem Historico-Cultural (FREITAS e GOES)

FREITAS, Maria Teresa de Assunção. A pesquisa de abordagem histórico cultural: um espaço educativo de constituição de sujeitos. Revista Teias. UERJ. Vol. 10, n.19, 2009, p.1-12.

GOES, Maria Cecilia Rafael de. A abordagem microgenética na matriz histórico-cultural: Uma perspectiva para o estudo da constituição da subjetividade. Caderno cEdes, ano XX, n.50, Abril/00, p.9-25.

Que abordagem complicada!!!!! Não sei se é a novidade, mas a abordagem historico-cultural baseada em Vygotsky e Bakhtin, achei que não tem nada de trivial! Não sei se pela novidade desses personagens na minha vida, pela discussão tão aprofundada de uma palavra unica - "intervenção" - ou se pelos termos elaborados que a microgenética utiliza (Dinâmico-causal, ontogênese, dialógico-discursivo, semiótico-índiciário, associacionismo x elementarismo, microanalítico, naturalista-biologizante, intersubjetivo x intra-subjetivo, temas de enunciação, paradigma indiciário, consições macrossociais, valor heurístico), só sei que me senti espremida ao tentar decifrar e extrair o conhecimento dele.

Algumas considerações sobre os "companheiros" dessa aula:

Resultado de imagem para frases vygotsky


Lev Semyonovich Vygotsky, foi um psicólogo, proponente da Psicologia cultural-histórica. Pensador importante em sua área e época, foi pioneiro no conceito de que o desenvolvimento intelectual das crianças ocorre em função das interações sociais e condições de vida.


Resultado de imagem para frases bakhtin



O pesquisador, pensador, filósofo e teórico Mikhail Mikhailovich Bakhtin (1895-1975) foi uma das figuras mais importantes para a história e evolução da linguagem humana, e suas pesquisas norteiam até hoje estudos e teorias pelo mundo. Para ele, toda e qualquer análise linguística deveria tratar também de outros fatores, como a relação do emissor com o receptor, o contexto social, histórico, cultural, ideológico e de fala, por exemplo. Segundo ele, se não fosse dessa forma, não haveria compreensão.

FREITAS coordena o grupo LIC (Linguagem Interação e Conhecimento) na Universidade Federal de Juiz de Fora, que tem como fundamento teórico-metodológico a abordagem histórico-cultural. Nesse texto, baseado nos conceitos de descrição e explicação de Vygotsky e Bakhtin, ela aborda a pesquisa quantitativa nas ciências humanas a partir da perspectiva histórico-cultural, considerando-a um espaço educativo onde ocorrem diferentes processos de comunicação. A discussão do grupo, no momento, acontecia em torno do conceito “pesquisa-intervenção”, no entendimento de que esse tipo de pesquisa não apenas descreve uma realidade, mas também explica-a e consequentemente intervêm na realidade. Algumas questões que ela coloca:

1) Qual o significado da palavra intervenção?

2) Em que consiste a intervenção na pesquisa histórico-cultural?

3) Quais os sentidos construídos pelo grupo para este conceito de pesquisa intervenção? 

4) Como essa intervenção se apresenta nas pesquisas realizadas.

São essas perguntas que ela tenta responder nesse texto, começando pelo significado de intervenção no dicionário, que resumidamente apresenta-se como: ato de intervir, interferência, significado considerado por ela contaminado por valores de uma determinada época. No final, ela conclui que é difícil quebrar a tradição da palavra “intervenção” mas que “pesquisa dialógica” representaria um bom direcionamento ...

- Em que consiste a INTERVENÇÃO na pesquisa histórico-cultural?

Vygotsky apud Freitas (2009), afirma-se que o comportamento humano difere qualitativamente do comportamento animal e por isso a pesquisa de abordagem naturalística deve ser evitada. Vygotsky também considera que o homem interfe na natureza, e isso transforma a si mesmo. Além disso, considera necessário que o homem reconstrua a historia de sua origem e desenvolvimento, considerando a descrição (exterior, aparência) e a explicação (interior, sentimentos). Com essas metas, é possível perceber que a pesquisa procura possíveis relações do individual com o social e que o pesquisador provoca alterações nos pesquisados, e isso é a “intervenção” ainda que ele não use essa palavra.

Já Bakhtin apud Freitas (2009) “o objeto das ciências humanas é o ser expressivo e falante”, caracterizando a diferença das ciências extas par as humanas em que aquela contempla o objeto e fala sobre ele mas não com ele. Ou seja, pesquisador e pesquisado interagem enquanto se dá a pesquisa, partindo-se inicialmente a pesquisa da identificação com o outro e permitindo a possibilidade do pesquisador se ressignificar durante o processo e aparecendo tanto quanto o pesquisado em seu texto final. Ou seja, um encontro dialógico e transformador entre dois sujeitos.

Apesar de Vygotsky enfatizar a descrição completada pela explicação e Bakhtin afirmar que o homem não pode ser explicado e sim compreendido, o elemento comum entre ambos é a compreensão em profundidade, a partir de diálogos que gerem transformação.


Já na proposta etnográfica de GOES que deriva da antropologia cultural e implica na descrição de cenários e das regras de funcionamento deum grupo cultural, está a microetnografia que busca um interesse crescente no “como acontece” e não “o que acontece”. No entanto, esse texto aborda a microgenética, uma metodologia que examina o funcionamento dialógico-discursivo, destacando ainda a vinculação com as proposições do paradigma semiótico-indiciário. Esse método ainda procura detalhes no relato minuncioso de acontecimentos e o recorte de episódios interativos, associado normalmenteao uso de videogravação e a transcrição. O objetivo do texto além de definir esse tipo de pesquisa é ressaltar o estudo de questões referentes à subjetivação em relação ao funcionamento intersubjetivo. 

A microetnografia possui similaridade na busca por interações e cenários socioculturais assim como o estabelecimento de relações entre microeventos e condições macrossociais. A diferença fica para a parte “genética” que utiliza as proposições de Vygotsky sobre o funcionamento humano e a análise minunciosa do processo e que por sua vez baseou-se no método clinico de Piaget ao buscar nas sessões ou entrevistas um exame critico e minuncioso do que era falado. A diferença entre os dois está no fato de Vygotsky entender que os processos humanos tem relação com o próximo e com a cultura, ao contrario de Piaget que buscava respostas espontâneas de crianças, não influenciadas por adultos (como se isso fosse possível!).Piaget também usou analise j

- As contribuições metodológicas de Vygotsky e a análise microgenética

“O método é ao mesmo tempo , pré-requisito e produto, instrumento e o resultado do estudo” segundo Vygotsky apud Goes (2000), baseados nos conceitos de que a constituição do funcionamento humano é socialmente medida e que a gênese das funções psicológicas está nas relações sociais. 

As obras de Vygotsky sempre discutem a especificidade das declarações vinculada à uma visão sociogenética, histórico-cultural e semiótica do ser humano, entendendo que privilegiar a história não é apenas estudar o passado, mas sim as transformações que englobam o presente além da preposição de uma visão ampla, ainda que minunciosa, da investigação histórico-cultural. 

- Contribuições atuais para a discussão da análise microgenética

De acordo com Wetsch apud Goes (2000) baseado em Vygotsky define a analise microgenetica como o acompanhamento minuncioso e detalhe das ações dos sujeitos e relações interpessoais dentro de um espaço de tempo, consideração a transição do intersubjetivo para o intra-subjetivo. (pistas de internalização). O autor ainda considera um exemplo de díade máe-criança, suas falas e os indicadores de internalização de ações pela criança, considerando episódios curtos. Goes considera que esse tipo de análise não é “micro” por se referir à um curto tempo e sim por ser orientada nas minucias indiciai, apesar de Welsch ser um seguidor de Vygotsky na questão semiótica vinculada com os temas de enunciação e da dialogia.

Uma outra vertente dessa metodologia tem sido os processos cognitivos construídos das interações e feito de três (mas me parece 4 pelo texto!) maneiras: 1) cognitivista, 2) interacionista e 3) jogo conversacional e 4) discursiva ou enunciativa.

O texto apresenta dentro da vertente enunciativo-discursivo que inclusive é a ênfase do trabalho devido ao caráter promissor e sua congruência com a pesquisa histórico-cultural um boa revisão bibliográfica citando alguns autores como: Orlandi (1987), Pêcheux (1988), Bakhtin (1986), Smolka (1997), Rojo (1997) todos com análise do discurso. Outros como Carvalho (1997), Rocha (1997), De Carlo (1999 e Goes e Souza (1998) no processo de formação de sujeitos nas relações sociais. Fontana (1996) mostra um estudo de campo examinando detalhadamente o fluxo das enunciações nos dialogo professor-aluno e aluno-aluno (intersubjetivo).

- O paradigma indiciário

Assim como um médico analisa os sintomas na procura de um diagnóstico (semiologia médica), o pesquisador procura indícios, fundamentado na semiótica, como um caçador analisando as pistas de uma presa, sendo Ginzburg (1989) um dos autores mais conhecidos. 

Ginzburg apud Goes (2000) critica o modelo da ciência moderna quanto 1) crença na transparência da realidade, 2) separação entre sujeito e objeto e 3) conhecimento sistemático com regras formais. Ele contrapõe isso à riqueza do conhecimento humano em três aspectos: 1) a valorização do singular, 2) rigor metodológico, porém flexível e 3) não abandono da totalidade, apesar da singularidade.

- As perspectivas enunciativo-discursivo e semiótico-indiciária da microgenese

Baseado em Ginzburg, Goes (2000) destaca três pontos vinculados à análise microgenética: 1) atenção à minucias indiciais, 2) estudo de situações singulares e 3) busca de inter-relação da interpretação indiciária com condições macrossociais, cabendo ao pesquisador decifrar o componente narrativo do negligenciável.


quarta-feira, 24 de abril de 2019

22/04 Revisão Sistemática

A "revisão sistemática", assunto desse artigo do  GEPFPM (Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Formação de Professores de MAtemática) acontece quando se pesquisa TUDO sobre um determinado assunto (fazendo-se inclusive uma analise quantitativa inicialmente!). Já a "revisão bibliográfica" se detem a pesquisar apenas assuntos diretamente vinculados com a pesquisa desejada, descartando-se outros tópicos e formas de pesquisa.

A revisão sistemática pode acontecer de 4 formas (como a "pirâmide" a seguir, a qual apresenta o ordem de especificidade da pesquisa), de acordo com GEPFPM. Grupo de Estudo e Pesquisa sobre Formação de Professores de Matemática e as revisões sistemáticas. In: OLIVEIRA, A.M.P.; ORTIGÃO, M. I. R. (Org.). Abordagens teóricas e metodológicas nas pesquisas em educação matemática. Livro Eletrônico. Brasília: SBEM, 2018. p. 234-254. (Coleção SBEM 13):

Fonte: eu

Esse capitulo 11 do ebook sobre pesquisa em educação matemática procura apresentar o estado da arte dessa área a partir da visão, pesquisa e evolução do GEPFPM, um grupo que inicialmente era da Unicamp, mas que atualmente é independente e interinstitucional e se propõe a investigar questionamentos relacionados com os processos formativos e politicas publicas, focos emergentes e outros. 

Ainda na introdução, o texto apresenta o caminho seguido pelo grupo em suas pesquisas, desde o I SIPEM (I Seminário Internacional de Pesquisa em Educação Matemática), passando pela criação do “Forum de Discussão de Parâmetros Balizadores da Pesquisa em Educação Matemática no brasil” e terminando em uma pesquisa sobre “Mapeamento e Estado da Arte da Pesquisa Brasileira sobre o Professor que Ensina Matemática”, todas elas no formato de revisão sistemática (diferente da revisão bibliográfica). Esse tipo de pesquisa pode ser : 1) mapeamento de pesquisa, 2) estado da arte da pesquisa ou estado do conhecimento, 3) metanálise e 4) metassintese, que também são os subtópicos desse capitulo. 

O GEPFPM não trabalha apenas com revisão sistemática de pesquisa, mas usou todo o conhecimento adquirido para divulgar essa área que é pouco conhecida no Brasil. Os dois primeiros tipos são pesquisas mais abrangentes com vários trabalhos. Os outros dois não podem ser muito numerosos por requerem uma análise mais detalhada. 

- Mapeamento de Pesquisas

Considerado o formato inicial para outros tipos de pesquisa, o mapeamento de pesquisas também pode ser uma análise em si mesmo, uma vez que mapeia os subfocos da pesquisa com seus variados autores e de acordo com Fiorentini apud GEPFPM (2018): 

“[...] processo sistemático de levantamento e descrição de informações acerca das pesquisas produzidas sobre um campo específico de estudo, abrangendo um determinado espaço (lugar) e período de tempo. Essas informações dizem respeito aos aspectos físicos dessa produção (descrevendo onde, quando e quantos estudos foram produzidos ao longo do período e quem foram os autores e participantes dessa produção), bem como aos seus aspectos teórico-metodológicos e temáticos. 

(FIORENTINI apud GEPFPM, 2018, p.239). 

Uma diferença do mapeamento para o estado do conhecimento é a priorização dos aspectos que descrevem um campo de pesquisa especifico, revelando tendências teóricas e metodológicas, em detrimento ao resultado da pesquisa nesse campo (que pode ser mapeado também!). Além disso, esse formato de pesquisa é alicerce para atividades de pesquisa de diversas naturezas como outros mapeamentos, estado da arte, trabalhos de conclusão de curso, teses e dissertações. 

- Estado da arte da pesquisa ou Estado do conhecimento 

Se há a necessidade de uma sistematização de conhecimento produzido em um determinado tema de pesquisa, durante um determinado tempo, essa forma de pesquisa qualitativa de caráter histórico-bibliográfico deve ser utilizada, além de permitir que a partir do conhecimento do que já existe pesquisado, possa-se buscar o que ainda não foi feito. Alguns pesquisadores diferenciam estado da arte e do conhecimento, mas o GEPFPM considera os termos como sinônimos. 

- Metanálise de pesquisas 

A metanálise inicia de forma quantitativa na pesquisa estatística da saúde e agricultura, entra na educação em 1970 e surge de forma qualitativa no cruzamento e comparação de trabalhos como revisão sistemática, sendo o GEPFPM pioneiro em metanálise de formação e professores. As varias pesquisas do GEPFPM já abordaram praticas catalisadoras do desenvolvimento do professor de matemática, fragilidade dos procedimentos metodológicos em pesquisa de formação docente, formação inicial e profissionalização docente, incluindo um livro sobre experiência e prática de professores escolares de matemática, avaliando a própria prática. 

- Mestassintese de pesquisas 

Como uma “evolução” da metanalise, surge então a metassíntese de pesquisa que consiste na produção de pequenas sinteses interpretativas e integradoras (evidências qualitativas) extraídas de um pesquisa primária (dissertações e teses, com interesses específicos). O objetivo principal e adquirir um maior entendimento sobre um fenômeno investigado, obtendo resultados além da pesquisa primária, e marcada pelos viés do pesquisador de segunda ordem. Algumas considerações sobre esse tipo de pesquisa é que ela necessita de mais estudos e ensaios investigativos, além da impossibilidade de fazer com muitos trabalhos. 

O trabalho inicial do grupo, citado como exemplo, inicia a análise a partir de um levantamento de 15 teses de professores que ensinavam matemática em escola básica e fizeram parte de grupos de pesquisa. Após investigação dessas teses, escolheu-se apenas duas dissertações de mestrado com a problemática da exclusão de alunos com dificuldade matemática e busca de alternativas para enfrentar o problema. A seguir foi feita uma interpretação e descrição dos indícios de aprendizagem profissional das professoras pesquisadoras, mediante análise/interpretação do conteúdo dos textos dissertativos e uma meta(síntese) dessas interpretações. 

- Discussão final e conclusões 
 O GEPFPM tem colaborado para a pesquisa com seus estudos e revisões sistemáticas, especialmente no que diz respeito à formação e desenvolvimento profissional, inicialmente apenas com professores de matemática (Até 2002) e depois ampliando para outros professores que usam a matemática também. Além disso, foi possível perceber o aumento no numero de dissertações / teses nessa área a partir do século XXI, que apesar de aumentarem em número e em riqueza de conhecimento por outro lado tem requerido estudos da sistematização da problemática estudada.

terça-feira, 23 de abril de 2019

Aula 22/04 Grupos Focais

A cada método de pesquisa qualitativa que conheço, quero usar todos!!!! :D Me parece que cada um tem a sua "graça" e seus resultados!

Nessa aula, inicialmente discutiu-se os "GRUPOS FOCAIS", em compração com os "grupos de discussão" de uns dias atrás e que pode ser acompanhado aqui.

O material base para esse assunto foi um livreto:
GATTI, Bernadete A. Grupo Focal napesquisa em ciências sociais e humanas. Brasilia, DF: Liber Livro, 2005.
Imagem relacionada
Como os grupos de discussão foi-nos apresentado primeiro, quase toda a problemática foi compara-los! Sendo assim, ao invés de apresentar o fichamento (na verdade, eu não fiz ... final de semana de feriado me atrapalhou um pouco!) apresento uma tabela comparando os dois métodos:


Tabela1: comparação entre grupo focal e grupo de discussão

Grupo FocalGrupo de Discussão
Participantes6 a 12 participantes voluntários6 a 12 participantes voluntários
Duração1 a 2 horas1 a 2 horas
ModeradorDeve manter o grupo dentro do foco da discussão; pode ser ou não o pesquisador.A moderação é quase inexistente, mas deve ser feita pelo proprio pesquisador se necessário um estimulo para continuar assuntos
PesquisadorDetermina o topico a ser discutidoDetermina o tópico e tem profundo conhecimento das caracteristicas do grupo
Assuntoo que cada um do grupo pensa (sentimento) sobre o assunto; sem preparação previa.qual a experiencia que o grupo tem sobre o assunto
Relatorpode ternão tem
Elemento Disparadorpergunta chave usada para iniciar o debateperguntas que gerem narrativas
quando usarquando se quer verificar o grau de consenso sobre determinado assuntopor ser similar às entrevistas narrativas, pode-se entrevistar várias pessoas ao mesmo tempo e economizar tempo
outros metodosusado depois para apurar o entendimentousando antes para escolher o grupo
não se aplicaquando se busca consenso, finalidade educativa ou busca de informações delicadassem antes conhecer perfil das pessoas participantes (normalmente através de questionário ou entrevista)
tipo de grupohomogeneo (sexo, idade, classe)homogeneo (assunto em comum)
analise de dados1) transcrição 2) ver / ouvir repetidas vezes 3)classificação ou codificação do material 4) a analise qualitativa pode ser complementada pela quantitativa1) transcrição 2) ver / ouvir repetidas vezes 3) interpretação formulada 4) interpretação refletida
numero de encontros1vários
resultadosoma de opiniõesproduto de interações coletivas
Fonte: eu :)

terça-feira, 16 de abril de 2019

Hifopem - Contreras Cap11

Em 16/04/201 iniciamos a leitura de um livro do José Contreras Domingo pelo Capitulo 11.

Resultado de imagem para saber escutarO espanhol do texto em si, nem é tão dificil (ainda mais em épocas de google tradutor, onde é possível fazer a tradução do texto todo a partir de uma foto!) porém um assunto novo, fora do seu hábito natural de leitura E em espanhl ... isso sim é um desafio! E foi assim que eu me senti novamente ...

Ainda que o texto "Pedagogia de la experiencia  y la experiencia de la pedagogia" tenha sido para mim um texto bem mais fácil de ler que seu antecessor do Larrossa (talvez porque ele seja um educador, ao contrario do Larrossa que é um filósofo???) muita coisa nova foi abordada, que ao mesmo tempo me parece um dejavu ... algo que eu sempre soube. Como se fosse resposta às inquietações que tinha. Ainda que o texto seja cheio de perguntas :)


Em um outro texto (http://www.scielo.br/pdf/er/n66/0104-4060-er-66-327.pdf) Contreras afirma: "Ou seja, ao focalizar a identidade da profissão naquilo que os docentes executam, reduzem-se as chances da reflexão sobre por que o fazem. Logo, a rotinização, o isolamento e a cobrança por resultados retomam espaço e refletem uma desqualificação da docência como atividade intelectual." Interessante pensar nisso, uma vez que me enxergo como professora, mas que por ensinar "engenharia" fica parecendo as vezes que tenho apenas que replicar o que aprendi sobre a profissão e ponto! E é basicamente com esse enfoque que consigo entender o texto desse encontro!

- Só há experiência, se houver transformação; senão aconteceu apenas uma vivência. Viver uma experiência não é encerrar um processo, é estar aberta à um novo começo ... É deixar ela ser formativa do nosso eu (p.241)

- Se a pedagogia é um modo de proceder predeterminado eplanificado, não teria sentido falar em experiência. Isso pode ser uma contradição (incomoda!) ou um paradoxo (estimula!) p.243. Muitas vezes é possível observar alunos que querem aprender o "como ensinar", sem passar pelo "como fazer". Como se bastasse apenas uma "receita" de como dar aula que tudo irá funcionar!. No entanto, não há respostas claras e as propostas apesar de irem de um lado para o outro, parecem vazias! p.245
Em relação a isso, pode-se afirmar que o ensino deve ser sempre intencional, ainda que indeterminado. Ou seja, você deve ter metodos e objetivos, no entanto deve saber ouvir e se mover pela necessidade de sua classe.

- O verdadeiro educador se coloca dentro do processo de forma concreta (p.257) ... não é apenas um visualizador do que está acontecendo ou um mero "passador" de informação, afinal, a docência é uma profissão de relacionamento! Isso pode fazer como se estivessemos muitas vezes andando no escuro (p.247) e a unica coisa que podemos fazer para "clarear" essa escuridão é estar atento ao nosso aluno. É ter uma escuta atenta!

O autor termina esse texto citando a educadora Vivian G. Paley. Você pode ter mais informações sobre no proprio texto do Contreras que já conta que ela é de 1929 e ainda continua ativa, além de ter começada sua escrita de memorias e registro só depois de 50 anos. PAra saber mais sobre ela:

Tomando a liberdade de imitar Contreras e suas perguntas, formulo algumas aqui para terminar o texto:
1) Como me tornar perceptivel?
2) Como escutar?
3) Como fazer boas perguntas?
4) Como ter empatia pelo meu aluno?




quarta-feira, 10 de abril de 2019

Aula 08/04 Grupos de Discussão

a opinião do grupo não é a soma de opiniões individuais, mas o produto de interações coletivas


Nessa aula foi abordado a aplicação dos "Grupos de Discussão". Informalmente, todos nós já participamos de um grupo de discussão (que não deixa de ser uma conversação improvisada, porém por pessoas que possua pontos em comum, sobre um assunto em comum)! A grande diferença é a metodologia utilizada para tratar as informações obtidas. A autora também começa diferenciado os grupos focais dos grupos de discussão. Na prática, os grupos de discussão são de abordagem bem similar às entrevistas narrativas (Jovchelovitch e Schutze), podendo ser considerada uma estrutura de coleta e análise de dados semelhantes. A grande diferença é fazer várias pessoas ao mesmo tempo :)




WELLER, Wivian. Grupos de discussão na pesquisa com adolescentes e jovens: aportes teórico-metodológicos e análise de uma experiência com o método. Educação e Pesquisa, São Paulo, v.32, 200066, p. 241-260, maio/ago.

WELLER, Wivian. Grupos de discussão: aportes teóricos e metodológicos. In: WELLER, Wivian; PFAFF, Nicole (orgs.). Metodologias da pesquisa qualitativa em educação: Teoria e prática. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010, p. 54-66.


Segundo a autora, há um crescente interesse nas técnicas de entrevistas grupais, assim como na análise de conversações improvisadas. Ela baseia o texto no desenvolvimento dos grupos de discussão na Alemanha, focando constituir não apenas de um técnica de coleta de dados e sim um método de investigação. Ao final, reforça sobre a importância de se ter muito cuidado devido aos diferentes contextos sociais e culturais dos entrevistados e também rigor com o enfoque teórico-metodológicos. No primeiro texto especificamente, a autora utiliza-se do mesmo referencial teórico do texto 2 para explorar um trabalho feito com grupos de hip hop de São  Paulo e Berlim a partir de grupos de discussão, que apesar de ter sido o foco do trabalho, deixa claro que outras formas de “coleta” de dados foram feitas. Nesse artigo, o foco do trabalho não são os resultados, e sim como o levantamento foi feito, uma vez que ele procura reconstruir esse percurso discutindo e apresentando tanto as escolhas metodológicas assim como a coleta e análise dos resultados. No geral, ambos os textos apresentam:

- Grupos focais e grupos de discussão: algumas diferenças.
Os grupos focais são de origem anglo-saxonica e definidos como “esfera publica ideal”, tendo iniciado com pesquisas de marketing. 6 a 8 pessoas compõem o grupo como nos talk shows americanos, apesar dos progenitores serem a terapia em grupo, avaliação da eficiência da comunicação e dinâmicas de grupo. È um método naturalista e protótipo de uma entrevista semi-estruturada. Como sugestão tem-se misturar pessoas com opiniçoes diferentes mas agrupar por gênero.
Já os grupos de discussão mudam inclusive no papel do moderador que deve ser o menos participante possível. De acordo com Mangold apud Weller (2010, p. ?) “a opinião do grupo não é a soma de opiniões individuais, mas o produto de interações coletivas”, abrindo um caminho para a consideração de visão do mundo a partir de grupos sociais específicos. Bohnsack apud Weller (2010, p.?) acrescentou ao método de análise a diferenciação de pesquisa interna (reconstrói o modelo do grupo) x externa (analisa a representatividade desse modelo), como objetivo principal de conhecer os epifenômenos relacionados ao meio social, experiências e contexto geracional em que os entrevistados vivem.

- Critérios de seleção, quantidade e organização de grupos de discussão
Por ser uma pesquisa qualitativa, a escolha não é por “amostragem estatística”, nem segue regras quantitativas, mas sim de amostragem teórica (ou teorética). Ou seja, a partir de um grupo, se monta o próximo baseado nas informações obtidas e no principio da comparação constante como método de investigação. No entanto isso não justifica a formação de grupos aleatórios e desconexos ou a falta de preparo sobre os sujeitos.
Duas dimensões do espaço social: horizontal (funções e categorias comuns) e vertical (forma que cada um se relaciona com o cotidiano), procurando contrastes máximos e mínimos.

- Tópico-guia e condução dos grupos de discussão
Alguns passos importantes: estabelecer confiança mutua, perguntas ao grupo e não especifica, iniciar com pergunta “genérica” (e sempre a mesma para todos os grupos), o grupo deve se organizar para falar, formular perguntas que gerem as narrativas e o próprio grupo deve-se auto administrar. Em um segundo momento, iniciam-se as perguntas imanentes, baseada na discussão anterior. Se for pertinente, colocar perguntas divergentes ou provocativas.

- Grupos de discussão: vantagens para além da “economia de tempo”
Além da economia de tempo em relação à entrevistas individuais, algumas vantagens são: em grupo as pessoas se sentem mais à vontade, discussão entre pares faz aparecer detalhes, o entrevistador ao longo do tempo se torna transparente, exige maior grau de abstração sobre determinados assuntos, o próprio grupo que conhece seus pares, não permite falas distorcidas

- Critério para a seleção  dos grupos
A seleção dos grupos não é feita de forma estatística,  mas baseado na “amostra teorética”, no qual os participantes devem formam um “corpo” analisável, podendo inclusive ser adaptado ao longo dos encontros. O procedimento analítico usado foi a “teoria fundamentada”, método que associa uma certa generalização da pesquisa com uma teoria baseada em dados empíricos.

- Tópico guia e condução dos grupos de discussão
Alguns passos importantes: estabelecer confiança mutua, perguntas ao grupo e não especifica, inciar com pergunta “genérica”, o grupo deve se organizar para falar, formular perguntas que gerem as narrativas. Em um segundo momento, iniciam-se as perguntas imanentes, baseada na discussão anterior.

- Primeiros passos para a análise de grupos de discussão
A primeira fase: interpretação formulada (divisão em temas e subtemas,  identificação de passagens relevantes, transcrição parcial e reconstrução dos temas e subtemas), procura decodificar o vocabulário e compreender as questões imanentes.
Segundo momento: interpretação refletida, feita pelo próprio pesquisador a partir de suas interpretações e baseadas em conhecimentos teóricos e empíricos. Analisa a interação entre os participantes e também padrões homólogos e sociais.
Um terceiro momento ainda se faz necessário para análise entre grupos, permitindo então uma comparação. A quantidade grupos para comparação segue o principio da saturação.

- Anexos Modelo guia, exemplo de temas, modelo de transcrição, códigos da transcrição, modelo questionário final.

terça-feira, 9 de abril de 2019

Aula 01/04b Entrevistas Narrativas Jovchelovitch

JOVCHELOVITCH, Sandra; BAUER, Martin W. Entrevista narrativa. In: BAUER, M. W.; GASKELL, G. Orgs.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. 4.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005, p.90-113.

Essa aula foi baseada em 2 artigos sobre pesquisas biográficas, mais especificamente, as pesquisas narrativas. Como tive que coordenar a discussão em aula, montei esse fluxograma para me guiar e ajudar os colegas comparando os textos da Jovchelovitch e do Schütze.

No artigo da Jovchelovitch ....

O texto apresenta uma releitura da obra de Schutze pelos autores Jovchelovitch (brasileira) e Bauer. A autora retoma as indicações de Schutze (inclusive algumas não publicadas) e complementa com mais detalhes.

- Questões Teóricas
Contar histórias tem um papel fundamental na conformação de fenômenos sociais, daí a importância das narrativas, considerando ainda que elas possuem infinitas variedades e podem fazer parte da vida de qualquer um, em qualquer lugar, em qualquer tempo e indexadas. Considera ainda as dimensões cronológicas (episódios independentes) e não cronológica (um contexto para todo enredo), fazendo com que os eventos sejam ligados pelo tempo e pelos sentidos.

- A entrevista narrativa
Esquema autogerador com três características: 1) textura detalhada (quantidade de detalhes), 2)fixação da relevância (aspectos relevantes, apesar dos desdobramentos) e 3) Fechamento da Gestalt (finalização).


O texto também condena o formato de entrevista pergunta-resposta por considera-la engessada (entrevistador escolhe o tema, formula pergunta e determina a linguagem).

- Vantagens e fraquezas da entrevista narrativa
Dois problemas: expectativas dos informantes (sujeito da pesquisa) e formalismos das regras, que deveriam nortear a entrevista.

- Indicação diferencial da entrevista de narrativa
Sugestão dos autores sobre áreas a se usarem as narrativas: 1) investigação de acontecimentos específicos, 2) projetos onde existem várias versões, 3) projetos que combinem histórias de vida e contextos sócio-históricos.
Nem toda situação produz uma narrativa “útil”. Existem também problemas do pesquisador ao formular o tópico inicial, por exemplo. Situações problemas: 1) subprodução devido a um trauma, 2) subprodução devido a cultura de não se expor, 3) pessoas que militam contra a causa, 3) superprodução por ansiedades neuróticas e 4) superprodução por  “contadores de historias” profissionais.

- Análise de entrevista narrativa
Inicialmente deve-se atentar para a transcrição, cujo detalhamento depende do interesse. Deve-se prestar atenção nas características paralinguisticas (tom e pausas).
Possui três propostas: 1) proposta pelo Schütze (6 passos), 2) análise temática (paráfrase, categorias e codificação, analise quantitativa) e 3) análise estruturalista (cronológicos e não cronologicos).

- Narrativa, realidade e representação
A seriedade da narrativa este em entende-la como discurso, mas também o que está por trás do discurso. Importante não valorizar demais, nem de menos. Dois momentos: apenas escutar (real, não copiam, abertas à comprovação, inseridas no contexto sócio-histórico). No segundo momento situar a narrativa em relação ao queprocura o entrevistador, entendendo que ela representa um individuo, mas também o mundo que ele está inserido.

Aula 01/04a Entrevistas Narrativas Schütze

SCHÜTZE, Fritz. Pesquisa biográfica e entrevista narrativa. In: WELLER, Wivian; PFAFF, Nicolle (Orgs.). Metodologia da Pesquisa Qualitativa em Educação: teoria e prática. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010, p.210-222.

JOVCHELOVITCH, Sandra; BAUER, Martin W. Entrevista narrativa. In: BAUER, M. W.; GASKELL, G. Orgs.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. 4.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005, p.90-113.

Essa aula foi baseada em 2 artigos sobre pesquisas biográficas, mais especificamente, as pesquisas narrativas. Como tive que coordenar a discussão em aula, montei esse fluxograma para me guiar e ajudar os colegas comparando os textos da Jovchelovitch e do Schütze.

No livro do Schütze ....

O texto apresenta algumas considerações do autor sobre pesquisa biográfica e entrevista narrativa, a partir da visão de um sociólogo alemão que tentou fugir das macroestruturas das ciências sociais e aplicar esse conceito nas estruturas processuais dos cursos de vida individuais. Alguns tópicos do texto são:

- O interesse pelas estruturas processuais no curso da vida
A entrevista narrativa é colocada como a individualização de processos  sociais baseados em macroestruturas de grupo como idade, classe ou tipo. O autor ainda restringe o campo da pesquisa biográfica com a teoria de abordagem subjetiva quando se interessa pelo contexto de reconstrução de histórias de vida. É importante através da entrevista narrativa conseguir entender a estrutura temporal e sequencial da historia de vida do portador da biografia.

- A técnica de entrevista narrativa autobiográfica e passos para a análise de narrativas autobiográficas improvisadas
Nesse tópico o autor coloca os passos tanto para fazer a entrevista quanto para analisar
Para fazer: 1) narrativa autobiográfica inicial (não deve ser interrompida); 2) faz perguntas para entender melhor a ligação entre os fatos; 3) perguntas para explorar o assunto narrado.
Para analisar: 1) análise formal do texto; 2) descrição estrutural do conteúdo; 3) abstração analítica; 4) análise do conhecimento; 5) comparação contrastiva (mínimo e máximo); 6) construção de um modelo teórico
- A estrutura processual da trajetória ilustrada em um estudo de caso
O autor apresenta um estudo de narrativa para análise social de um aluno, considerando o principio de condicionamento por meio das condições socioestruturais e externamente determinantes da existência. Apresenta trechos da entrevista.

- Alternativas de análise e aplicação da entrevista narrativa autobiográfica
É apresentado três diferentes dimensões de impacto que a interpretação sociológica das entrevistas pode tomar: 1) Destaque das estruturas processuais elementares no curso da vida. 2) Na análise contrastiva deve-se procurar os comparativos mínimos e máximos, sem se esquecer que o processo social tem um impacto sobre o curso da vida. 3) realizar uma orientação biográfica com o entrevistado, com  base no levantamento, transcrição e análise de  uma narrativa

·         Citações:
“ O que aconteceu nas histórias de vida que nos interessam sociologicamente?” pg2

terça-feira, 2 de abril de 2019

Aula 25/03b Introd. à pesquisa qualitativa Cap4

FLICK, U., Introdução à Pesquisa Qualitativa (Métodos de Pesquisa), tradução: Costa, J. E., 3. Edição, Porto Alegre: Artmed, 2009


Nessa aula a discussão foi baseada no capitulo 2 e 4 do livro do Uwe Flick, que é psicólogo e sociólogo. Os detalhes do Capitulo 2 você encontra aqui.


Capitulo 4: há uma preocupação do autor em se aprofundar na ética da pesquisa qualitativa, principalmente no que diz respeito aos códigos e comitês.
·         
- A demanda por ética na pesquisa e os dilemas éticos da pesquisa qualitativa
A ética na pesquisa qualitativa está diretamente relacionada com a proteção de seus participantes e das regras de boa prática profissional.

- Códigos de ética – uma resposta a todas as perguntas?
Não existe um código de ética unanime, mas tem algumas considerações que são: - não maleficência, - beneficência, - autonomia ou autodeterminação (exceto em caso de vulneráveis) e - justiça.

- Comitê de ética – uma solução?
A falta de ética considera a reprodução de trabalhos de outros ou até o autoplagio, e também a não contribuição do trabalho e isso não é considerado nos comitês, uma vez que não tem pessoas em todas as áreas a serem analisadas.

- Como proceder eticamente na pesquisa qualitativa?
- Consentimento informado
- Evitar causar danos na coleta de dados
- Fazer justiça ao participantes na análise dos dados
- Confidencialidade na redação da pesquisa
- O problema do contexto nos dados e nas pesquisas

- A ética na pesquisa qualitativa – indispensável a uma pesquisa melhor.
A pesquisa qualitativa, tem normalmente como característica a sua adaptabilidade ao que acontece na pesquisa prática, principalmente por ser muito aberta.

Sugestão de leitura complementar (não específico para pesquisa qualitativa, mas muito interessante sobre ética): https://integrity.mit.edu/
·       

Aula 25/03 - Int. à pesquisa qualitativa Cap2 e Cap4

 FLICK, U., Introdução à Pesquisa Qualitativa (Métodos de Pesquisa), tradução: Costa, J. E., 3. Edição, Porto Alegre: Artmed, 2009



Nessa aula a discussão foi baseada no capitulo 2 e do capitulo 4 do livro do Uwe Flick, que é psicólogo e sociólogo. Atualmente é Professor de Métodos Qualitativos no Departamento de Gestão de Enfermagem da Alice Salomon University of Applied Sciences (Berlim, Alemanha) e Professor na Memorial University of Newfoundland (St. John's, Canadá). As principais áreas de investigação em que trabalha são os métodos qualitativos, as representações sociais no âmbito da saúde pública e individual e a mudança tecnológica no quotidiano das pessoas. É autor e co-editor de vários livros incluindo Qualitative Research: a Handbook(2002) e Psychology of the Social (1998).



Como assim??? Como pode a pesquisa qualitativa ter tantas maneiras, métodos e técnicas? Essa foi a minha grande surpresa ao adentrar por esse mundo, que até então, parecia-me algo menor do que a pesquisa quantitativa com a qual eu estava acostumada.

A pesquisa qualitativa sempre me sugeria ser algo que "depende" e "tanto faz", afinal, se é qualitativa, cada um poderia ter uma opinião sobre o assunto. No entanto, não é assim na prática. Se no Capítulo 4 o Uwe faz uma abordagem bem direta sobre a importância da etica na pesquisa qualitativa e as funções  do Conselho de Ética, no Capitulo 2 fica claro que esse tipo de pesquisa necessita ter claramente definido qual a perspectiva e dentro dela qual a escola escolhida, assim, como o instrumento de coleta e análise dos dados. Uma sobrevista sobre isso pode ser vista nesse capitulo.

Capitulo 2: o autor fundamenta a pesquisa qualitativa, discutindo limites e tendência. O texto ainda coloca características e abordagens desse tipo de pesquisa. Seções que o texto está organizado com um pequeno resumo:
·       
- A relevância da pesquisa qualitativa
Relevante nas relações sociais, atualmente acelerada e consequentemente bem diversificada, levando os pesquisadores a novas situações nunca antes enfrentadas.
- Os limites da pesquisa qualitativa como ponto de partida
Os princípios são: isolar causa-efeito, entender relações teóricas, operacionalizar essas relações, medir e quantificar alguns fenômenos, desenvolver planos de pesquisa para generalizar descobertas. Porém tem-se percebido que os resultados das ciências sociais raramente são usados e percebidos na vida cotidiana. Além disso o texto comenta sobre a importância de formulações empíricas bem fundamentadas.
- Aspectos essenciais da pesquisa qualitativa
Quadro 2.1: Apropriabilidade de métodos e teorias, Perspectivas dos participantes e suas diversidades, Reflexividade do pesquisador e da pesquisa, Variedade de abordagem e de métodos na pesquisa qualitativa
- Breve histórico da pesquisa qualitativa
Iniciou-se na psicologia e nas ciências sociais em 1928. Tem duas linhas de avanço: a alemã e a americana, conforme tabela 2.1:

- A pesquisa qualitativa no início do século XXI – estado da arte
Existem várias perspectivas, relacionadas com as suposições teóricas no modo de compreender os objetos e também no foco metodológico (Tabela 2.2). Além das diversas escolas (Quadro 2.2).

Avanços e tendências metodológicas
Vários avanços e tendências, ainda mais com o crescimento tecnológico! Veja Quadro 2.3.
- Como aprender e ensinar a pesquisa qualitativa
Pesquisas são muito diversificadas e heterogêneas e além do estudo e conhecimento da técnica, deve incluir uma pesquisa específica buscando um caminho entre teoria e prática. Raramente se discute as falhas da pesquisa qualitativa.
- A pesquisa qualitativa no final da modernidade

Quatro  tendências: 1) retorno a oralidade (narrativas); 2) estudos empíricos e concretos; 3)retorno dos sistemas locais em contrapartida aos universais; 4)localização temporal do problema.


Capitulo 4: há uma preocupação do autor em se aprofundar na ética da pesquisa qualitativa, principalmente no que diz respeito aos códigos e comitês. Seções que o texto está organizado com um pequeno resumo:

- A demanda por ética na pesquisa e os dilemas éticos da pesquisa qualitativa.
A ética na pesquisa qualitativa está diretamente relacionada com a proteção de seus participantes e das regras de boa prática profissional.

- Códigos de ética – uma resposta a todas as perguntas?
Não existe um código de ética unanime, mas tem algumas considerações que são: - não maleficência, - beneficência, - autonomia ou autodeterminação (exceto em caso de vulneráveis) e - justiça.
- Comitê de ética – uma solução?
A falta de ética considera a reprodução de trabalhos de outros ou até o autoplagio, e também a não contribuição do trabalho e isso não é considerado nos comitês, uma vez que não tem pessoas em todas as áreas a serem analisadas.

- Como proceder eticamente na pesquisa qualitativa?
 Consentimento informado
 Evitar causar danos na coleta de dados
 Fazer justiça ao participantes na análise dos dados
 Confidencialidade na redação da pesquisa
 O problema do contexto nos dados e nas pesquisas

- A ética na pesquisa qualitativa – indispensável a uma pesquisa melhor.
A pesquisa qualitativa, tem normalmente como característica a sua adaptabilidade ao que acontece na pesquisa prática, principalmente por ser muito aberta.

Sugestão de leitura complementar (não específico para pesquisa qualitativa, mas muito interessante sobre ética): https://integrity.mit.edu/


PFP - Conhecimento para-na-da prática