A "revisão sistemática", assunto desse artigo do GEPFPM (Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Formação de Professores de MAtemática) acontece quando se pesquisa TUDO sobre um determinado assunto (fazendo-se inclusive uma analise quantitativa inicialmente!). Já a "revisão bibliográfica" se detem a pesquisar apenas assuntos diretamente vinculados com a pesquisa desejada, descartando-se outros tópicos e formas de pesquisa.
A revisão sistemática pode acontecer de 4 formas (como a "pirâmide" a seguir, a qual apresenta o ordem de especificidade da pesquisa), de acordo com GEPFPM. Grupo de Estudo e Pesquisa sobre Formação de Professores de Matemática e as revisões sistemáticas. In: OLIVEIRA, A.M.P.; ORTIGÃO, M. I. R. (Org.). Abordagens teóricas e metodológicas nas pesquisas em educação matemática. Livro Eletrônico. Brasília: SBEM, 2018. p. 234-254. (Coleção SBEM 13):
Fonte: eu
Esse capitulo 11 do ebook sobre pesquisa em educação matemática procura apresentar o estado da arte dessa área a partir da visão, pesquisa e evolução do GEPFPM, um grupo que inicialmente era da Unicamp, mas que atualmente é independente e interinstitucional e se propõe a investigar questionamentos relacionados com os processos formativos e politicas publicas, focos emergentes e outros.
Ainda na introdução, o texto apresenta o caminho seguido pelo grupo em suas pesquisas, desde o I SIPEM (I Seminário Internacional de Pesquisa em Educação Matemática), passando pela criação do “Forum de Discussão de Parâmetros Balizadores da Pesquisa em Educação Matemática no brasil” e terminando em uma pesquisa sobre “Mapeamento e Estado da Arte da Pesquisa Brasileira sobre o Professor que Ensina Matemática”, todas elas no formato de revisão sistemática (diferente da revisão bibliográfica). Esse tipo de pesquisa pode ser : 1) mapeamento de pesquisa, 2) estado da arte da pesquisa ou estado do conhecimento, 3) metanálise e 4) metassintese, que também são os subtópicos desse capitulo.
O GEPFPM não trabalha apenas com revisão sistemática de pesquisa, mas usou todo o conhecimento adquirido para divulgar essa área que é pouco conhecida no Brasil. Os dois primeiros tipos são pesquisas mais abrangentes com vários trabalhos. Os outros dois não podem ser muito numerosos por requerem uma análise mais detalhada.
- Mapeamento de Pesquisas
Considerado o formato inicial para outros tipos de pesquisa, o mapeamento de pesquisas também pode ser uma análise em si mesmo, uma vez que mapeia os subfocos da pesquisa com seus variados autores e de acordo com Fiorentini apud GEPFPM (2018):
“[...] processo sistemático de levantamento e descrição de informações acerca das pesquisas produzidas sobre um campo específico de estudo, abrangendo um determinado espaço (lugar) e período de tempo. Essas informações dizem respeito aos aspectos físicos dessa produção (descrevendo onde, quando e quantos estudos foram produzidos ao longo do período e quem foram os autores e participantes dessa produção), bem como aos seus aspectos teórico-metodológicos e temáticos.
(FIORENTINI apud GEPFPM, 2018, p.239).
Uma diferença do mapeamento para o estado do conhecimento é a priorização dos aspectos que descrevem um campo de pesquisa especifico, revelando tendências teóricas e metodológicas, em detrimento ao resultado da pesquisa nesse campo (que pode ser mapeado também!). Além disso, esse formato de pesquisa é alicerce para atividades de pesquisa de diversas naturezas como outros mapeamentos, estado da arte, trabalhos de conclusão de curso, teses e dissertações.
- Estado da arte da pesquisa ou Estado do conhecimento
Se há a necessidade de uma sistematização de conhecimento produzido em um determinado tema de pesquisa, durante um determinado tempo, essa forma de pesquisa qualitativa de caráter histórico-bibliográfico deve ser utilizada, além de permitir que a partir do conhecimento do que já existe pesquisado, possa-se buscar o que ainda não foi feito. Alguns pesquisadores diferenciam estado da arte e do conhecimento, mas o GEPFPM considera os termos como sinônimos.
- Metanálise de pesquisas
A metanálise inicia de forma quantitativa na pesquisa estatística da saúde e agricultura, entra na educação em 1970 e surge de forma qualitativa no cruzamento e comparação de trabalhos como revisão sistemática, sendo o GEPFPM pioneiro em metanálise de formação e professores. As varias pesquisas do GEPFPM já abordaram praticas catalisadoras do desenvolvimento do professor de matemática, fragilidade dos procedimentos metodológicos em pesquisa de formação docente, formação inicial e profissionalização docente, incluindo um livro sobre experiência e prática de professores escolares de matemática, avaliando a própria prática.
- Mestassintese de pesquisas
Como uma “evolução” da metanalise, surge então a metassíntese de pesquisa que consiste na produção de pequenas sinteses interpretativas e integradoras (evidências qualitativas) extraídas de um pesquisa primária (dissertações e teses, com interesses específicos). O objetivo principal e adquirir um maior entendimento sobre um fenômeno investigado, obtendo resultados além da pesquisa primária, e marcada pelos viés do pesquisador de segunda ordem. Algumas considerações sobre esse tipo de pesquisa é que ela necessita de mais estudos e ensaios investigativos, além da impossibilidade de fazer com muitos trabalhos.
O trabalho inicial do grupo, citado como exemplo, inicia a análise a partir de um levantamento de 15 teses de professores que ensinavam matemática em escola básica e fizeram parte de grupos de pesquisa. Após investigação dessas teses, escolheu-se apenas duas dissertações de mestrado com a problemática da exclusão de alunos com dificuldade matemática e busca de alternativas para enfrentar o problema. A seguir foi feita uma interpretação e descrição dos indícios de aprendizagem profissional das professoras pesquisadoras, mediante análise/interpretação do conteúdo dos textos dissertativos e uma meta(síntese) dessas interpretações.
- Discussão final e conclusões
O GEPFPM tem colaborado para a pesquisa com seus estudos e revisões sistemáticas, especialmente no que diz respeito à formação e desenvolvimento profissional, inicialmente apenas com professores de matemática (Até 2002) e depois ampliando para outros professores que usam a matemática também. Além disso, foi possível perceber o aumento no numero de dissertações / teses nessa área a partir do século XXI, que apesar de aumentarem em número e em riqueza de conhecimento por outro lado tem requerido estudos da sistematização da problemática estudada.
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