“a opinião do grupo não é a soma de opiniões individuais, mas o produto de interações coletivas”
Nessa aula foi abordado a aplicação dos "Grupos de Discussão". Informalmente, todos nós já participamos de um grupo de discussão (que não deixa de ser uma conversação improvisada, porém por pessoas que possua pontos em comum, sobre um assunto em comum)! A grande diferença é a metodologia utilizada para tratar as informações obtidas. A autora também começa diferenciado os grupos focais dos grupos de discussão. Na prática, os grupos de discussão são de abordagem bem similar às entrevistas narrativas (Jovchelovitch e Schutze), podendo ser considerada uma estrutura de coleta e análise de dados semelhantes. A grande diferença é fazer várias pessoas ao mesmo tempo :)
WELLER, Wivian. Grupos de discussão na pesquisa com adolescentes e jovens: aportes teórico-metodológicos e análise de uma experiência com o método. Educação e Pesquisa, São Paulo, v.32, 200066, p. 241-260, maio/ago.
WELLER, Wivian. Grupos de discussão: aportes teóricos e metodológicos. In: WELLER, Wivian; PFAFF, Nicole (orgs.). Metodologias da pesquisa qualitativa em educação: Teoria e prática. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010, p. 54-66.
Segundo a autora, há um crescente
interesse nas técnicas de entrevistas grupais, assim como na análise de
conversações improvisadas. Ela baseia o texto no desenvolvimento dos grupos de
discussão na Alemanha, focando constituir não apenas de um técnica de coleta de
dados e sim um método de investigação. Ao final, reforça sobre a importância de
se ter muito cuidado devido aos diferentes contextos sociais e culturais dos
entrevistados e também rigor com o enfoque teórico-metodológicos. No primeiro texto especificamente, a autora utiliza-se do mesmo referencial teórico do texto 2 para explorar um trabalho feito com grupos de hip hop de São Paulo e Berlim a partir de grupos de discussão, que apesar de ter sido o foco do trabalho, deixa claro que outras formas de “coleta” de dados foram feitas. Nesse artigo, o foco do trabalho não são os resultados, e sim como o levantamento foi feito, uma vez que ele procura reconstruir esse percurso discutindo e apresentando tanto as escolhas metodológicas assim como a coleta e análise dos resultados. No geral, ambos os textos apresentam:
- Grupos focais e grupos de
discussão: algumas diferenças.
Os grupos focais são de origem
anglo-saxonica e definidos como “esfera publica ideal”, tendo iniciado com
pesquisas de marketing. 6 a 8 pessoas compõem o grupo como nos talk shows
americanos, apesar dos progenitores serem a terapia em grupo, avaliação da
eficiência da comunicação e dinâmicas de grupo. È um método naturalista e
protótipo de uma entrevista semi-estruturada. Como sugestão tem-se misturar
pessoas com opiniçoes diferentes mas agrupar por gênero.
Já os grupos de discussão mudam
inclusive no papel do moderador que deve ser o menos participante possível. De
acordo com Mangold apud Weller (2010,
p. ?) “a opinião do grupo não é a soma de opiniões individuais, mas o produto
de interações coletivas”, abrindo um caminho para a consideração de visão do
mundo a partir de grupos sociais específicos. Bohnsack apud Weller (2010, p.?)
acrescentou ao método de análise a diferenciação de pesquisa interna
(reconstrói o modelo do grupo) x externa (analisa a representatividade desse
modelo), como objetivo principal de conhecer os epifenômenos relacionados ao
meio social, experiências e contexto geracional em que os entrevistados vivem.
- Critérios de seleção,
quantidade e organização de grupos de discussão
Por ser uma pesquisa qualitativa,
a escolha não é por “amostragem estatística”, nem segue regras quantitativas,
mas sim de amostragem teórica (ou teorética). Ou seja, a partir de um grupo, se
monta o próximo baseado nas informações obtidas e no principio da comparação
constante como método de investigação. No entanto isso não justifica a formação
de grupos aleatórios e desconexos ou a falta de preparo sobre os sujeitos.
Duas dimensões do espaço social:
horizontal (funções e categorias comuns) e vertical (forma que cada um se
relaciona com o cotidiano), procurando contrastes máximos e mínimos.
- Tópico-guia e condução dos
grupos de discussão
Alguns passos importantes:
estabelecer confiança mutua, perguntas ao grupo e não especifica, iniciar com
pergunta “genérica” (e sempre a mesma para todos os grupos), o grupo deve se
organizar para falar, formular perguntas que gerem as narrativas e o próprio
grupo deve-se auto administrar. Em um segundo momento, iniciam-se as perguntas
imanentes, baseada na discussão anterior. Se for pertinente, colocar perguntas
divergentes ou provocativas.
- Grupos de discussão: vantagens para além da “economia de tempo”
Além da economia de tempo em relação à entrevistas individuais, algumas vantagens são: em grupo as pessoas se sentem mais à vontade, discussão entre pares faz aparecer detalhes, o entrevistador ao longo do tempo se torna transparente, exige maior grau de abstração sobre determinados assuntos, o próprio grupo que conhece seus pares, não permite falas distorcidas
- Critério para a seleção dos grupos
A seleção dos grupos não é feita
de forma estatística, mas baseado na
“amostra teorética”, no qual os participantes devem formam um “corpo”
analisável, podendo inclusive ser adaptado ao longo dos encontros. O
procedimento analítico usado foi a “teoria fundamentada”, método que associa
uma certa generalização da pesquisa com uma teoria baseada em dados empíricos.
- Tópico guia e condução dos
grupos de discussão
Alguns passos importantes:
estabelecer confiança mutua, perguntas ao grupo e não especifica, inciar com
pergunta “genérica”, o grupo deve se organizar para falar, formular perguntas
que gerem as narrativas. Em um segundo momento, iniciam-se as perguntas
imanentes, baseada na discussão anterior.
- Primeiros passos para a análise
de grupos de discussão
A primeira fase: interpretação
formulada (divisão em temas e subtemas,
identificação de passagens relevantes, transcrição parcial e
reconstrução dos temas e subtemas), procura decodificar o vocabulário e
compreender as questões imanentes.
Segundo momento: interpretação
refletida, feita pelo próprio pesquisador a partir de suas interpretações e
baseadas em conhecimentos teóricos e empíricos. Analisa a interação entre os
participantes e também padrões homólogos e sociais.
Um terceiro momento ainda se faz
necessário para análise entre grupos, permitindo então uma comparação. A
quantidade grupos para comparação segue o principio da saturação.
- Anexos Modelo guia, exemplo de temas, modelo de transcrição, códigos da transcrição, modelo questionário final.
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