O texto da
Bernardete Gatti, pesquisadora da Fundação Carlos Chagas, após fazer uma
introdução sobre formação de professores no cenário atual, apresenta os
“Aspectos de contexto: complexidades”, relacionado com esse cenário, discutindo
na sequencia “Novas perspectivas e consciência critica” em relação principalmente
as ações formativas no campo da docência. O texto apresenta ainda “Pesquisas e
seus dados” sobre o cenário escolar atual, e a “Qualidade na educação escolar”.
Já o texto de
Antonio Nóvoa, professor da Universidade de Lisboa foca o seu texto em 4
denúncias utilizando a lógica do excesso versus
pobreza: 1) excesso de discurso político e a pobreza das políticas públicas, 2)
excesso de linguagem de especialistas e a pobreza dosprogramas de formação de
professores, 3) excesso de discursos científicos e a pobrezaa das práticas
pedagógicas e 4) excesso de vozes de professores e a pobreza das práticas
associativas docentes. Ele conclui o texto apresentando algumas considerações
sobre: “Politicas educativas”, “Foramação de Professores”, “Praticas Pedagógicas” e “Associativismo
docente”.
Discutir
formação de professores é uma tarefa árdua, tendo em vista a complexidade do
cenário atual que isso envolve. Gatti (2017, p.727): coloca uma pergunta
desafio: Qual formação responderia Às demandas socioeducacionais no cenário
atual? E ela mesmo responde: “Novas situações, novas respostas”.
Um dos
aspectos que exemplificam a complexidade desse cenário, em especial em um país
como o Brasil que tem em sua extensão tão grande diversidade de povo, de
características sociais, econômicas e geográficas, é o aspecto das tecnologias:
ao mesmo tempo que se tem um avanço e intensificação do uso de tecnologias na
educação, existe toda uma população que excluída desse cenário. Um outro exemplo citado por Gatti (2017,
p.725) que poderia exemplificar os contrastes e complexidades é o discurso da
interdisciplinaridade e das formações interdisciplinares como objetivo, mas em
meio a currículos fragmentados e estruturados em bases do século dezessete ao
dezenove e que ainda são referencias na formação de professores atualmente.
De acordo com
Gatti (2017, p.722) também é impossível separar a escola das relações que ela
tem com a sociedade: suas dinâmicas sociais, suas tensões, conflitos e também com seus padrões culturais
formativos arraigados e estruturados em nossa história educacional. O novo
cenário associado às características da sociedade atual é o estopim para um
cenário que beira o caos.
A consequência
dessa complexidade são os dados, como por exemplo a média de escolaridade ser
de 7, anos: menos que a duração do ensino fundamental. É necessário segundo
Gatti uma nova visão na seara educacional, assim como a construção de uma
consciência mais critica nas ações formativas no campo da docência.
Nesse sentido
o texto de Nóvoa (1999) corrobora a tese apresentada por Gatti (2017) sobre a
complexidade do cenário apresentado a sua lógica excesso-pobreza: excesso de
conversas (retórica publica, linguagem dos especialistas, discurso cientifico
internacional e vozes de professores distoantes entre si) na contrapartida de
uma pobreza excessiva de ações (politicas educativas, programas de formação e
professores, praticas pedagógicas, e associações docentes).
De acordo com
Vonk (1991, p134, apud NOVOA, 199, p.4) “nas sociedades atuais, os burocratas
definem vários problemas sociais e educacionais numa perspectiva gerencial e
não numa perspectiva de conteúdo”. Essa afirmação com certeza pode ser
expandida para diversas esferas, em especial as que Nóvoa (1999) apresenta no
final do texto sobre as necessidades de mudanças: em relação às políticas
educativas para que haja um resgate social da profissão docente (o autor cita a
contradição de pais que ao mesmo tempo que exigem que a escola tenha autoridade
e defesa de valores, são permissivos e sem domínio dos proprios filhos); em
relação a formação de professores, não ofertando e exigindo mais formação,
porém um formação diferenciada (retomada de um sentido real e prático do
professore reflexivo); em relação às práticas pedagógicas (professores deveriam
ser acompanhados e terem oportunidades de reverem suas práticas assim como uma
retomada da ética) e por último, em relação ao associativismo docente e a
necessidade dos professores formarem uma equipe e trabalharem colaborativamente
através de partilhas, colegiados,a valiação inter-pares e co-formação.
Termino com a
crítica que Novoa (1999) faz ao excesso de “paixão pelo futuro” e seus
dicursos: é importante pensar o futuro dos professores mas sem esquecer o
presente, sem viver o conformismo e sem calar a indignação pelo estado atual.
Nossas sociedades por muitos anos terão escolas, mas as escolas atuais precisam
mudar.
Referência:
GATTI,
Bernardete. Formação de professores, complexidade e trabalho docente. Revista
Diálogo Educacional, Curitiba, v. 17, n. 53, p. 721-737, 2017.
NÓVOA,
António. Os professores na virada do milênio: do excesso dos discursos à
pobreza das práticas. Repositório da Universidade de Lisboa. Disponível em:
repositorio.ul.pt/bitstream/10451/690/1/21136_1517-9702_.pdf. Acesso em agosto
de 2019
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