segunda-feira, 26 de agosto de 2019

PFP - Complexidade de professores na virada do milênio


O texto da Bernardete Gatti, pesquisadora da Fundação Carlos Chagas, após fazer uma introdução sobre formação de professores no cenário atual, apresenta os “Aspectos de contexto: complexidades”, relacionado com esse cenário, discutindo na sequencia “Novas perspectivas e consciência critica” em relação principalmente as ações formativas no campo da docência. O texto apresenta ainda “Pesquisas e seus dados” sobre o cenário escolar atual, e a “Qualidade na educação escolar”.
Já o texto de Antonio Nóvoa, professor da Universidade de Lisboa foca o seu texto em 4 denúncias utilizando a lógica do excesso versus pobreza: 1) excesso de discurso político e a pobreza das políticas públicas, 2) excesso de linguagem de especialistas e a pobreza dosprogramas de formação de professores, 3) excesso de discursos científicos e a pobrezaa das práticas pedagógicas e 4) excesso de vozes de professores e a pobreza das práticas associativas docentes. Ele conclui o texto apresentando algumas considerações sobre: “Politicas educativas”, “Foramação de Professores”,  “Praticas Pedagógicas” e “Associativismo docente”.
Discutir formação de professores é uma tarefa árdua, tendo em vista a complexidade do cenário atual que isso envolve. Gatti (2017, p.727): coloca uma pergunta desafio: Qual formação responderia Às demandas socioeducacionais no cenário atual? E ela mesmo responde: “Novas situações, novas respostas”.
Um dos aspectos que exemplificam a complexidade desse cenário, em especial em um país como o Brasil que tem em sua extensão tão grande diversidade de povo, de características sociais, econômicas e geográficas, é o aspecto das tecnologias: ao mesmo tempo que se tem um avanço e intensificação do uso de tecnologias na educação, existe toda uma população que excluída desse cenário.  Um outro exemplo citado por Gatti (2017, p.725) que poderia exemplificar os contrastes e complexidades é o discurso da interdisciplinaridade e das formações interdisciplinares como objetivo, mas em meio a currículos fragmentados e estruturados em bases do século dezessete ao dezenove e que ainda são referencias na formação de professores atualmente.
De acordo com Gatti (2017, p.722) também é impossível separar a escola das relações que ela tem com a sociedade: suas dinâmicas sociais, suas tensões,  conflitos e também com seus padrões culturais formativos arraigados e estruturados em nossa história educacional. O novo cenário associado às características da sociedade atual é o estopim para um cenário que beira o caos.
A consequência dessa complexidade são os dados, como por exemplo a média de escolaridade ser de 7, anos: menos que a duração do ensino fundamental. É necessário segundo Gatti uma nova visão na seara educacional, assim como a construção de uma consciência mais critica nas ações formativas no campo da docência.
Nesse sentido o texto de Nóvoa (1999) corrobora a tese apresentada por Gatti (2017) sobre a complexidade do cenário apresentado a sua lógica excesso-pobreza: excesso de conversas (retórica publica, linguagem dos especialistas, discurso cientifico internacional e vozes de professores distoantes entre si) na contrapartida de uma pobreza excessiva de ações (politicas educativas, programas de formação e professores, praticas pedagógicas, e associações docentes).
De acordo com Vonk (1991, p134, apud NOVOA, 199, p.4) “nas sociedades atuais, os burocratas definem vários problemas sociais e educacionais numa perspectiva gerencial e não numa perspectiva de conteúdo”. Essa afirmação com certeza pode ser expandida para diversas esferas, em especial as que Nóvoa (1999) apresenta no final do texto sobre as necessidades de mudanças: em relação às políticas educativas para que haja um resgate social da profissão docente (o autor cita a contradição de pais que ao mesmo tempo que exigem que a escola tenha autoridade e defesa de valores, são permissivos e sem domínio dos proprios filhos); em relação a formação de professores, não ofertando e exigindo mais formação, porém um formação diferenciada (retomada de um sentido real e prático do professore reflexivo); em relação às práticas pedagógicas (professores deveriam ser acompanhados e terem oportunidades de reverem suas práticas assim como uma retomada da ética) e por último, em relação ao associativismo docente e a necessidade dos professores formarem uma equipe e trabalharem colaborativamente através de partilhas, colegiados,a valiação inter-pares e co-formação.
Termino com a crítica que Novoa (1999) faz ao excesso de “paixão pelo futuro” e seus dicursos: é importante pensar o futuro dos professores mas sem esquecer o presente, sem viver o conformismo e sem calar a indignação pelo estado atual. Nossas sociedades por muitos anos terão escolas, mas as escolas atuais precisam mudar.

Referência:
GATTI, Bernardete. Formação de professores, complexidade e trabalho docente. Revista Diálogo Educacional, Curitiba, v. 17, n. 53, p. 721-737, 2017.


NÓVOA, António. Os professores na virada do milênio: do excesso dos discursos à pobreza das práticas. Repositório da Universidade de Lisboa. Disponível em: repositorio.ul.pt/bitstream/10451/690/1/21136_1517-9702_.pdf. Acesso em agosto de 2019




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