sexta-feira, 10 de maio de 2019

06/05 - Pesquisa Colaborativa

IBIAPINA, Ivana Maria Lopes de Melo. Pesquisa colaborativa: investigação, formação e produção de conhecimento. Brasília: Líber Livro Editora, 2005. Série Pesquisa; vol. 17.

"Sujeitos vivem em um contínuo processo de constituição, um processo interativo que os tornam capaz de recriar sua compreensão de si mesmos e do mundo." Vigotski (2000)

A pesquisa colaborativa na visão da autora é feita  a partir de grupos de pessoas e foca a formação de professores que ao final da pesquisa devem ter suas práticas melhoradas ... ou seja, professores e pesquisadores compartilham conhecimento e produzem saberes!!!! A idéia da cooperação (opera junto) é diferente de colaboração (trabalhar junto) - considerqando a etmologia da palavra co=junto. Nesse tipo de pesquisa colaborativa deve acontecer a produção de saberes e a formação continuada.

Esse tipo de pesquisa vem da idéia de pesquisa-ação emancipatória e só será validada realmente como uma pesquisa colaborativo se ao final dela houver uma resolução de problemas ou melhoria de prática. Na pesquisa - ação, a teoria se associa à prática, para ao mesmo tempo que constrói novas teorias, poder construir novas práticas.

A reflexão dever permear todas as etapas da pesquisa, mas três condições devem ser supridas para a pesquisa ser considerada como colaborativa (pesquisa ação emancipatória): 1) colaboração, 2) circulo-reflexivo e 3) co-produção entre pesquisadores e professores.

"O exercício reflexivo realizado com base  nas perguntas sugeridas transcende os conhecimentos prévios internalizados pelos professores, gerando novas necessidades, novos questionamentos e novass aprendizagens." Ibiapina (2005)

Parte 3: Ferramentas, recursos e procedimentos metodológicos utilizados na produção e difusão da pesquisa colaborativa


As pesquisas que se utilizam de processos colaborativos podem: 1) auxiliar o pensamento teórico, 2) fortalecer a ação, 3) abrir caminho para o desenvolvimento profissional e pessoal, sempre considerando que o pensamento e a linguagem estão inter-relacionados e favorecem os ciclos sucessivos de reflexão critica entendendo que pratica e teoria não são opostos.

A autora apresenta uma revisão bibliográfica justificando o processo reflexivo como formativo. Algumas considerações encontradas: é acadêmico, eficiente socialmente, desenvolvimentista, permite reconstrução social, possui um alto nível de realidade técnica, além de relacionar o conhecimento cientifico cultural (o que ensina)  com o psicopedagógico (como ensina). Pode se apresentar em dois eixos : tradicional paradigma cientifico) e pratico reflexivo (usa a pratica como reflexão). 

Para operacionalizar a reflexividade no contexto de uma pesquisa colaborativa, é necessário haver uma sistematização do processo reflexivo a partir de ações formativas:
1 – descrição (o que fiz)
2 – informação (o que significa)
3 – confronto (qual a função)
4 – reconstrução (a partir dos três itens anteriores, gerada a partir da compreensão)

A autora passa a apresentar os procedimentos mediadores na construção de uma pesquisa colaborativa.

- diálogos face a face
Como sugestão, a autora apresenta as entrevistas individuais ou coletivas, constituindo importante experiência tanto para a pesquisadora quanto para os participantes. Elas ajudam a clarificar aspectos, determinar problemas, compreender ações, uma vez que os participantes verbalizam os sentidos construídos. Indiferente do tipo de entrevista, ela deve sempre ser reflexiva.

- videoformação no conceito da pesquisa colaborativa
A sugestão é por filmar aulas que posteriormente devem ser revistas e refletidas podendo: descrever, informar, confrontar e reconstruir os conceitos interpretados. A sessão de filmagem é feita: filmagem, discussão, remontagem dos pontos principais e uso coletivo para relfexão interpsicológica e intrapsicológica. Algumas sugestões de perguntas são apresentadas para cada etapa da pesquisa (descrição, informação, confronto e reconstrução).

- fios de histórias: narrativa (auto)biográfica
As várias denominações existentes para esse tipo de pesquisa, dependem especificamente do agir do pesquisador. Na história de vida, por exemplo, o pesquisador é quem dirige o diálogo.
Apesar das variações de cada pesquisador sobre o tema, todos concordam que é por meio das narrativas de histórias de vida que os professores revelam elementos que compõem o pensar e o agir profissional. Isso faz com que não seja possível separar o profissional da pessoa. Sendo inclusive isso entendido como uma das vantagens desse tipo de método.

- a observação colaborativa
Três fases: 1) observação de aulas; 2) momento reflexivo; 3) construção de uma reflexão critica com princípios formativos. Apesar de parecer simples, deve usar metodologias adequadas, com perguntas pré organizadas. O observador também deve tomar vários cuidados como local, organização, explicação, confiança, metodologia e outros.

- sessões reflexivas
Acontecem normalmente após a observação ou após a entrevista. Vários estudos citados pela autora consideram as sessões como dispositivo que auxilia o professor a analisar a relação entre seus objetivos e suas práticas. Algumas etapas: 1)  descrição da prática; 2) situar o seu processo dentro dos conceitos de ensino-aprendizagem (com ajuda de etextos didáticos que sustentem uma reflexão critica); 3) perceber, com a ajuda do pesquisador, se os objetivos foram alcançados (análise).Assim, o objetivo de reconstruir as práticas pode ser efetivado.

Problemas para escrever .... quem não tem?
Considera-se que as práticas de escrita tem presença  insignificante no processo de escolarização dos indivíduos, e isso acontece por vários motivos: resistência, má experiência, falta de intimidade, falta de incentivo, e outros. Essas dificuldades, no momento da pesquisa tendenciam o pesquisador a cópia e reprodução. Assim,nos próximos tópicos, a autora tenta dar sugestões que possam facilitar a produção de textos de pesquisa colaborativa.- arregaçando as mangas / - narração realista /- narração processual /- narração reflexiva / - para não quebrar a rocha (coloco esse subcapítulos juntos, não por serem de menor importância, mas por serem de tamanho menor e altamente relacionados)

O primeiro ponto é sempre deixar claro qual a questão que está sendo trabalhada e colocar metas reais. Um bom exercício é começar fazendo relatórios menores, demonstrar ideias e explicações organizadas. A estrutura de texto da pesquisa colaborativa é a mesma dos demais relatórios de pesquisa. O texto deve sempre procurar facilitar a compreensão do que pretende-se explicar.

Uma sugestão interessante é descansar por um período do texto, lendo outras coisas, conversando com outras pessoas e submetendo o texto para outros lerem (pelo menos três!).

Escrever não é fácil, mas pode ser treinado; envolve exercício gradativo e permanente para que os limites sejam superados. A imersão em processos discursivos é o que conduz a um bom texto e uma comunicação eficaz, afinal é o único meio pelo qual se torna acessível ao leitor a observação e teorização sobre o tema escolhido. Pode acontecer de três maneiras: 1) narração realista (pesquisador menos visível e mais cientifico com uma narração bem objetiva e formalizada; é o mais comum); 2) narração processual (usa-se a primeira pessoa, envolve o falar de si e de emoções, com o pesquisador assumindo pressupostos; o mais comum é a forma de diário de campo); 3) narração reflexiva (introduz uma reflexividade no texto acadêmico, explicitando de onde e para quem escreve, detalhando como constrói os dados, como analisa, quais as questões, refletindo sobre erros e acerto; não existe texto único e verdadeiro pois representa uma reconstrução histórica e social; as origens costumam ser as formas de trabalho citadas anteriormente). Escrever é difícil ... mas é possível com as escolhes certas.

"Passagem de consumidor (passivo dos escritos de outros) à situação de autor (ator) não é um processo fácil, mas é necessário" Bianchetti (2006)

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